(...) Escreve-se frequentemente sobre as pontes, particularmente as do Porto, como expoentes máximos da técnica, exemplos perfeitos da função que através do cálculo, desenho e construção se torna forma. Julgo, no entanto, que entender a história das pontes como um processo de progresso técnico tende forçosamente a deixar na sombra a maior parte das pontes construídas, ou seja, penso que tanto quanto as questões estruturais e técnicas, também o lugar, o uso, a imagem e o contexto deverão ser considerados valores intrínsecos do conceito “ponte”.(...)
Edgar Cardoso afirmava acerca da inserção das pontes nas margens: “Em todos os rios há um sítio que foi feito para se pôr uma ponte. É preciso é encontrá-lo”.
Quando olhamos para o muro quadriculado da Serra do Pilar, pensamos que esse sítio “não devia ter sido ali”. No entanto, quando compreendemos o que propõe recentemente Álvaro Siza para a Avenida da Ponte, pensamos “ainda bem que foi”.Construir este seu projecto seria “escrever direito por linhas tortas”. Literalmente.
Prova Final de Licenciatura em Arquitectura, FAUP 2004/05; Imagem: fotomontagem de Pedro Bandeira inserida na representação portuguesa para a Bienal de Veneza de 2004
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