Tenho medo

Para mim o problema põe-se a dois níveis. Não se pode fugir à questão de fundo. É incontornável. A nossa cultura têm uma matriz cristã, que evoluiu numa determinada direcção e que, fruto das mais diversas circunstâncias, se consolidou num nível que nos creemos proporcionar um alto grau de liberdade e equidade para os cidadãos. A cultura muçulmana é radicalmente diferente da nossa e têm característivas que são difíceis de aceitar ou compreender. Mas não são essas as questões que estão verdadeiramente a minar o normal relacionamento entre estas duas culturas. De facto, até seria relativamente sensato um certo afastamento para que estas questões se diluíssem no tempo e perdessem significado, e quem sabe, pudessem significar um reatamento de relações muito mais saudável num futuro a médio prazo. Mas nós não podemos viver sem o petróleo que esses países nos fornecem. Estamos dependentes desse bem, e é esse o principal factor destabilizador entre a nossa civilização e a deles. Os muçulmanos sentem-se, e com razão, invadidos e explorados. Têm provavelmente a consciência que são a mais miserável e anacrónica civilização do séc.XXI, mas estão ainda mais conscientes de que quem mais os priva de se poderem reerguer e readquirirem a sua dignidade é o chamado primeiro mundo. A circunstância específica com a qual fomos agora confrontados é um atentado à inteligência de qualquer pessoa civilizada. A verdade é cruel, mas todos sabemos que nos países árabes apenas uma pequena parte da população é letrada. Aquilo que estamos a assistir é uma vergonhosa manipulação dessa população que vive de nada e tem na fé o seu único recurso de subsistência. A clivagem cultural entre os afortunados muçulmanos que puderam estudar na Europa ou nos EUA e os outros cria o ambiente propício para uma vergonhosa e primitiva estrutura de poder, controlada por essa 'elite'. Tenho medo. Por mais que reconheça que os cartoons são uma provocação excusada, nada justifica o que está a acontecer. Os países do médio oriente são governados por uma cambada de atrasados mentais... e eu quero-os longe!