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"É neste constante andar no fio da navalha que reside o interesse desta arquitectura, que já não é tanto pura experiência arquitectónica, mas antes jogo intelectual. Arquitectura de arquitecturas. Arquitectura de referências. Sentimo-nos atraídos pela simplicidade provocadora das personagens e pela fingida torpeza com que se desenham os elementos. Se observarmos a violenta aparição de uma marquise quase venturiana, as exageradas quebras dos corredores, as janelas oblíquas, as convencionais carpintarías, etc., e se nos recordarmos do que foi até agora a carreira de Siza, sua virtuosa capacidade para o desenho, é preciso concluir que estamos em tempo de jogo, que Siza se recria em desenhar arquitectura com a mão
esquerda. Todos sabemos que podería faze-lo com a direita, mas talvez existissem alguns que não lhe perdoariam."
Rafael Moneo sobre a extraordinária ambidestria do Siza.